Adoçantes Possui Efeitos Desastrosos Na Saúde

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Os adoçantes (ou edulcorantes) são aditivos alimentícios obtidos de matérias primas naturais ou artificiais que conferem sabor adocicado com zero ou poucas calorias, sendo usado em diversos gêneros alimentícios, bebidas, medicamentos e até na pasta de dente. 

 

Os adoçantes são projetados como substitutos do açúcar para combater a obesidade e seus resultados subsequentes, incluindo síndrome metabólica, diabetes e doenças cardiovasculares. 

 

A segurança dos adoçantes (de baixa caloria ou não-calóricos) é desafiadora e apresenta muitas controvérsias, embora análises extensas por agências governamentais em vários países ou regiões tenham uniformemente concluído que eles são seguros quando usados conforme recomendado.

 

Estudos Sobre Adoçantes

 

O Comitê Consultivo de Diretrizes Alimentares (Dietary Guidelines Advisory Committee – EUA) em 2015 passou a considerar que os açúcares adicionados devem ser minimizados na dieta e substituídos não por adoçantes, mas sim por escolhas mais saudáveis. 

 

O “Dietary Guidelines for Americans” e “American Heart Association” também alertaram para a ingestão de adoçantes, afirmando não haver dados suficientes para concluir se há benefício em relação ao peso corporal a longo prazo, o equilíbrio energético ou nos fatores de risco metabólicos. Ambas associações não indicam o uso de adoçantes por crianças. 

 

Apesar de citados como “entidade única”, cada adoçante tem sua própria estrutura química, que será metabolizada de forma única e com efeitos resultantes do metabolismo também únicos. 

 

Mesmo em relação a um mesmo adoçante, as pesquisas apresentam diferentes resultados, o que pode ser explicado pela quantidade de adoçantes ingerida, uso de placebo, tempo de exposição, e variáveis analisadas. 

 

Por exemplo, estudos que avaliaram o consumo de sucralose observaram níveis baixos, altos  ou não observaram mudanças na glicemia. 

 

Com base no seu conteúdo energético, os adoçantes podem ser classificados em compostos hipocalóricos e não-calóricos, e o poder adoçante é medido em relação à sacarose, considerado como açúcar de referência Os adoçantes de baixa caloria e os não-calóricos fornecem pouca ou nenhuma caloria, respectivamente.

 

Os adoçantes de baixa caloria incluem polióis ou álcoois de açúcar, que são compostos de baixa digestão obtidos a partir da substituição de um grupo aldeído por um hidroxila. Os polióis mais comuns são sorbitol, xilitol, maltitol, manitol, eritritol, isomalte e  lactitol. Baixas quantidades desse tipo de adoçante estão naturalmente presentes em vegetais, cogumelos e frutas (melão, pêssego, maçã pera e damasco) e também na aveia. São utilizados na maioria dos produtos “sugar-free”, doces e chicletes. 

 

Os adoçantes não calóricos são obtidos principalmente por síntese química (exceto Stevia rebaudiana), e são caracterizados por um conteúdo nutricional mínimo ou ausente. Eles incluem aspartame, sacarina, acessulfame-k e sucralose. Esses adoçantes de alta intensidade fornecem um sabor doce como o da sacarose, mas não são metabolizados no corpo (exceção aspartame) e, portanto, não levam à ingestão de calorias. 

 

Atualmente existem 7 tipos de adoçantes liberados no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 

 

Adoçante Aspartame

Aspartame (éster metílico de L-aspartil L-fenilalanina), descoberto em 1965, é 200 vezes mais doce que a sacarose. Apresenta como característica o fato de ser absorvido pelo intestino, sendo rapidamente metabolizado em fenilalanina, aspartato e metanol, sendo todos os 3 tóxicos em altas doses. 

 

Adoçante Fenilalanina

Fenilalanina é especialmente perigoso para os portadores de fenilcetonúria. Foi sugerido que alguns dos efeitos indesejáveis do aspartame podem ser causados por um aumento repentino nos níveis de fenilalanina no cérebro, especialmente quando o adoçante é consumido junto com alimentos ricos em carboidratos.

 

Os carboidratos desencadeiam a liberação de insulina na corrente sanguínea que, por sua vez, torna mais fácil para a fenilalanina cruzar a barreira hematoencefálica. Indivíduos com transtornos de humor são particularmente sensíveis a este adoçante artificial e seu uso nesta população deve ser desencorajado. 

 

Adoçante Aspartato 

O aspartato é um neurotransmissor excitatório normalmente encontrado em níveis elevados no cérebro, como um agonista de N-metil-D-aspartato. Foi sugerido que o aspartato, assim como o metanol, pode ter efeitos deletérios no sistema nervoso, induzindo o estresse oxidativo. 

 

Adoçante Metanol

Quanto ao metanol, um estudo publicado em 1996 afirmou que um aumento de 10% nos tumores cerebrais observado na década de 1980 estava associado à introdução do aspartame na alimentação. Uma sugestão foi que a dicetopiperazina (formaldeído originado da oxidação do metanol) pode se combinar com os nitritos na dieta para formar compostos nitrosados. Na verdade, as nitrosoureias são conhecidas por produzir tumores cerebrais em animais.

 

Em 2005, pesquisadores da Fundação Ramazzini em Bolonha, Itália, conduziram um estudo que mostrou um aumento significativo dependente da dose na incidência de linfomas / leucemias em ratos machos e fêmeas.

 

Eles afirmaram que o aspartame é um composto carcinogênico multipotencial cujos efeitos carcinogênicos são evidentes mesmo em uma dose diária de 20 mg /kg de peso corporal, muito menos do que a dose recomendada atualmente para humanos na Europa (40 mg/kg de peso corporal) e no Estados Unidos (50 mg/kg de peso corporal).

 

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No entanto, em 2009, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos analisou o estudo e concluiu que os tumores provavelmente ocorreram por acaso (Soffritti et al., 2009). Outros autores afirmam que o  metanol após ser  oxidado a formaldeído, gera formato, acompanhado pelo formação de ânion superóxido e peróxido de hidrogênio.

 

A toxicidade do metanol é semelhante à esclerose múltipla, podendo assim levar ao diagnóstico errado do paciente. A esclerose múltipla não leva à morte entretanto a toxicidade por metanol sim.

 

Vários estudos in vitro e in vivo indicam que o aspartame ou seus metabólitos podem afetar a atividade de certas enzimas cerebrais, como acetilcolinesterase, Na+/K+-ATPase,e citocromo P450. Quando a temperatura excede 30 graus Celsius, o aspartame e convertido a formaldeído e então à ácido fórmico, que causa acidose metabólica. Por isso, não deve ser utilizado para alimentos que necessitem ser assados.

 

Adoçante Sacarina 

A sacarina foi originalmente sintetizado em 1879; é 300 a 500 vezes mais doce que o açúcar e utilizado para adoçar pasta de dente, comidas e bebidas dietéticas.

 

A sacarina ficou bastante “famosa” depois que  experimentos mostraram que esse adoçante foi capaz de causar câncer de bexiga em ratos. Entretanto ele é classificado como não-carcinogênico para humanos, porque evidências posteriores mostraram que havia grandes diferenças entre a composição da urina entre ratos e humanos.

 

Adoçante Sucralose 

A sucralose foi descoberta em 1976, feito a partir da sucrose, é 600 vezes mais doce que o açúcar. É utilizado como substituto do açúcar em praticamente todos os alimentos, devido à sua excelente estabilidade e sabor semelhante ao açúcar. As preocupações de segurança relativas à sucralose giram em torno do fato de que ela pertence a uma classe de produtos químicos chamados cloretos orgânicos, alguns dos quais são tóxicos ou cancerígenos.

 

Entretanto, a presença de clorina em um composto orgânico não significa  sinônimo de toxicidade ou carcinogenicidade. Assim, a sucralose é considerada segura para todos os segmentos da população, incluindo pessoas com problemas crônicos de saúde, como diabetes.

 

Um estudo de três meses com 128 pessoas com diabetes, no qual a sucralose foi administrada em uma dose aproximadamente três vezes a ingestão diária máxima estimada, não mostrou efeitos adversos em qualquer medida de controle da glicose no sangue.

 

Adoçante Estévia 

A estévia é derivada da planta sul-americana Stevia rebaudiana. Mas o fato de ser derivada de uma planta, não significa que seja totalmente livre de toxicidade. Um estudo mostrou que altas dosagens dadas a ratos reduzem a produção de esperma e aumentam a proliferação celular nos testículos, o que pode causar infertilidade ou outros problemas. No laboratório, o esteviol pode ser convertido em um composto mutagênico, que pode promover o câncer, causando mutações no DNA das células.

 

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Adoçante Acessulfame De Potássio 

O acessulfame de potássio (Ace-K) é um dos adoçantes de baixa caloria mais utilizados na dieta moderna. O ace-K, como a sacarina sódica e o ciclamato de sódio, pertence às sulfonamidas, uma classe química associada à atividade antimicrobiana. Por isso, acredita-se ser genotóxico e capaz de inibir a fermentação da glicose pelas bacterias intestinais.

 

Um experimento com camundongos machos e fêmeas que foram tratados com Ace-K por 4 semanas, mostrou que o adoçante fez aumentar o peso dos machos e os resultados do perfil metabólico fecal mostrou-se bastante alterado, o que pode influenciar na composição da microbiota intestinal. Acredita-se que o Ace-k atue de maneiras diferentes na composição da microbiota entre machos e fêmeas.

 

Em relação às alterações funcionais de genes induzidas pelo consumo de Ace-K, em fêmeas muitos dos genes envolvidos nas vias do  metabolismo energético estavam reduzidos. Em contraste, as vias de absorção e metabolismo de carboidratos foram ativadas em animais machos. Ainda, a perturbação da microbiota intestinal por Ace-K elevou os genes relacionados à síntese de lipopolissacarídeo, o que pode aumentar o risco de doenças crônicas relacionadas à inflamação. 

 

Adoçante Ciclamato 

Ciclamato é o nome dado ao ácido ciclâmico (ácido ciclohexilsulfâmico) e seus sais de cálcio ou sódio. O ciclamato foi descoberto em 1937 na Universidade de Illinois, após a contaminação acidental de um cigarro com um derivado da ciclohexilamina.

 

Em 1940, a DuPont obteve a patente de sua produção e, em 1950, estava à disposição dos consumidores. O consumo de ciclamatos aumentou de forma constante desde aquela época até cerca de 1969, quando foi proibido nos EUA e em outros países devido a questões de segurança relacionadas à sua potencial carcinogenicidade.

 

Em um estudo realizado na década de 1970, ratos que foram alimentados com altas doses de uma mistura de ciclamato de sódio e sacarina tiveram um aumento na incidência de tumores de bexiga.

 

Alguns estudos adicionais relataram que ratos que receberam ciclamato de sódio sozinho desenvolveram tumores na bexiga, mas os resultados não foram estatisticamente significativos. Com base nessas descobertas, os ciclamatos foram proibidos em alguns países, incluindo o Reino Unido e os EUA.

 

No entanto, muitos consideram os relatórios experimentais de carcinogenicidade de valor questionável e os ciclamatos continuam a ser aprovados para uso em muitos países. Não há dados de populações humanas indicando que o consumo de adoçantes não nutritivos está associado a um risco aumentado de câncer, embora tais estudos careçam de sensibilidade estatística. O ciclamato não é metabolizado pelo corpo humano, portanto não contribui com energia para a dieta e é considerado um adoçante não nutritivo. 

 

Adoçante Neotame

Mais recentemente a Monsanto teve o registro aprovado pelo FDA do adoçante neotame, que é 30-60 vezes mais doce que o aspartame e 7.000-13.000 vezes mais doce que o açúcar.

 

O neotame é produzido pela combinação de aspartame com 3,3-dimetil-butil-aldeído, ao qual foi agregado para bloquear as enzimas que “rompem” a união entre o ácido aspártico e a fenilalanina que é um dos ácidos essenciais. Dessa forma reduz a disponibilidade de fenilalanina.

 

O aldeído 3,3-dimetil-butil é classificado como altamente inflamável e irritante e vem com advertências de alto risco, incluindo a irritação da pele, olhos e sistema respiratório. O neotame é metabolizado pela esterase em neotame desesterificado e metanol, sendo eliminado na urina e nas fezes em 72h. 

 

Repercussões fisiológicas ao uso de adoçantes

 

O uso de adoçante está intrinsecamente relacionado ao desejo de perder peso. Entretanto, os estudos são controversos quanto aos resultados da efetiva perda de peso com o uso de adoçantes.  

 

Estudos de coorte prospectivos (estudos observacionais que fornecem a melhor informação sobre a história natural das doenças) não mostraram nenhuma associação entre a ingestão de adoçantes e o peso corporal ou massa gorda e ainda mostraram uma elevação (ainda que discreta) nos índices de massa corporal (IMC).

 

Já estudos clínicos controlados randomizados (considerados como padrão-ouro para análise de intervenções), indicam que o uso de adoçantes em substituição ao açúcar podem ser uma estratégia útil para melhorar a aderência aos planos de perda de peso ou manutenção do peso .

 

Estudos em animais

 

Estudos em animais provaram de forma convincente que os adoçantes artificiais causam ganho de peso corporal. Um sabor doce induz uma resposta à insulina, que faz com que o açúcar no sangue seja armazenado nos tecidos, mas como o açúcar no sangue não aumenta com adoçantes artificiais, ocorre hipoglicemia o que leva ao aumento da ingestão de alimentos. Portanto, no experimento, após um tempo, os ratos que receberam adoçante artificial aumentaram substancialmente a ingestão calórica, resultando em aumento do peso corporal e a adiposidade. 

 

Estudo em Universidade do Texas

 

Um estudo feito em 2005 na Universidade do Texas mostrou que, ao invés de promover a perda de peso, as bebidas dietéticas foram responsáveis pelo ganho de peso e obesidade. Aqueles que consumiam refrigerante diet tinham uma maior probabilidade de ganhar peso do que aqueles que consumiam refrigerante adoçado naturalmente.

 

O que se conclui a partir dos experimentos com animais e observação em humanos é que, embora a substituição de calorias por adoçantes reduza a densidade energética dos alimentos e bebidas, isso não se traduz necessariamente em vantagens metabólicas e melhoria do estado de saúde, pois os adoçantes podem “enganar” o cérebro, estimulando o desejo e o vício por açúcar.

 

Explicação para o aumento do peso com uso de adoçantes

 

Vários mecanismos in vitro e in vivo foram propostos para explicar o aumento de peso com o uso de adoçantes. Uma delas deriva de uma hipótese de que a sensação de doce sem absorção de calorias pode perturbar a sinalização metabólica do cérebro e a regulação do apetite; assim a ausência de saciedade poderia encorajar a comer mais. Outra hipótese é que o consumo de adoçantes pode ativar os receptores intestinais e pancreáticos do sabor doce, estimulando o GLP-1 e a liberação de insulina. 

 

Alterações na microbiota intestinal também foram descritas como um mecanismo potencial para o ganho de peso; estudos com modelos de roedores mostraram que a ingestão de sacarina altera a fisiologia da microbiota intestinal, promovendo intolerância à glicose e ganho de peso.

 

Com isso, o “Dietary Guidelines for Americans” e “American Heart Association” concordam que os adoçantes são úteis para a perda de peso à curto-prazo, e que o uso à longo-prazo é questionável para esse objetivo. Além disso, ambas associações não indicam o uso de adoçantes por crianças. 

 

Efeitos Da Ingestão De Adoçantes

 

Quanto à homeosatse da glicose, a grande maioria dos ensaios clínicos que investigaram os efeitos da ingestão de adoçantes na resposta glicêmica não observaram diferenças significativas entre o consumo de adoçante e o placebo em várias medidas de resposta glicêmica, incluindo glicose plasmática, insulina, HbA1c e peptídeo C.

 

Um estudo mostrou, em pacientes com diabetes tipo 2, que a redução dos níveis de glicose e insulina no plasma durante o exercício foi semelhante após uma refeição com sacarose em comparação com uma refeição adoçada com aspartame. Portanto, com base na literatura disponível, o efeito dos adoçantes na homeostase da glicose não pode ser estabelecido.

 

Existem diversos estudos que relacionam o consumo de adoçantes e o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2; entretanto os resultados são bastante divergentes quanto à afirmação dessa associação. Uma possível explicação pode estar relacionada à causalidade reversa: Indivíduos com maior IMC ou tendência a ganho de peso, já com risco de diabetes, consomem adoçantes como estratégia para reduzir a ingestão calórica. 

 

Apesar de citados como “entidade única”, cada adoçante tem sua própria estrutura química que influencia seu metabolismo e os efeitos relacionados à particularidade de cada estrutura, tornando assim cada um único em seu potencial de influenciar no apetite, na ingestão de alimentos e no IMC, entre outros resultados. 

 

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Diferença ente os adoçantes

 

As diferenças entre os adoçantes já se tornam perceptíveis na boca.  Os compostos químicos presentes nos alimentos e bebidas interagem com receptores específicos na cavidade oral, em que a energia química é é convertida em sinais elétricos que são convertidos no Sistema Nervoso Central, onde são decodificados como sensações de gosto.

 

O receptor para sabor doce detecta carboidratos que podem ser utilizados como fonte de energia e que se ligam em subunidades específicas desse receptor, gerando respostas próprias relacionadas a essas subunidades. Por outro lado, os adoçantes podem se ligar a outras subunidades desse mesmo receptor e com afinidades diferentes e as diferenças nessas ligações ao receptor podem ativar sinalizações intracelulares distintas.

 

Por exemplo em ratos, a sacarose aumenta a concentração do segundo mensageiro AMPc, mas a sacarina não tem efeito em AMPc, mas sim aumenta o segundo mensageiro IP3. Apesar do conhecimento sobre a habilidade dos receptores para doce em gerar múltiplos sinais intracelulares,  as pesquisas ainda não conseguiram elucidar  ainda quais seriam os possíveis resultados finais

 

Além de diferirem em doçura, a maioria dos adoçantes demonstra intensidades mais altas de outros sabores e notas somatossensoriais, como amargor e adstringência, quando comparados aos açúcares calóricos. Especificamente, a sacarina e o ace-K, que são capazes de se ligar aos receptores do sabor amargo, deixam os sabores cada vez mais amargos à medida que a intensidade da doçura aumenta.

 

No geral, os adoçantes têm recursos de ligação exclusivos, eliciam diferentes padrões de sinalização intracelular e se manifestam em propriedades sensoriais distintas. 

 

Efeito Dos Adoçantes No Cérebro

 

Além de alertar o cérebro para um estímulo doce, a ativação do receptor do sabor doce na cavidade oral também prepara o corpo para otimizar a digestão dos alimentos e a absorção de nutrientes por meio das respostas da fase cefálica. A resposta da fase cefálica mais bem estudada, com relevância específica para adoçantes, é a fase cefálica da secreção de insulina (FCSI).

 

A FCSI consiste numa pequena liberação de insulina pelo pâncreas mediada por neurônios que ocorre antes da absorção de nutrientes. As implicações do FCSI e de outras respostas da fase cefálica para a saúde não foram estabelecidas, muito menos quando relacionadas aos adoçantes.  

 

No cérebro, a sensação do doce ativa áreas envolvidas com memória alimentar e recompensa, mas vários compostos doces diferem em efeitos específicos. Por exemplo, o consumo de sacarose resulta em significativa ativação global do cérebro do que a sacarina e a sucralose. Especificamente, a sacarose elicita maior liberação de dopamina no centro do núcleo accumbens do que a sacarina e maior ativação do que a sucralose na ínsula anterior, opérculo frontal, estriado e cingulado anterior.

 

No entanto, a exposição à sucralose leva a uma maior ativação no caudado e a uma conectividade da região cerebral mais forte do que a sacarose, indicando uma resposta cerebral mais sincronizada e eficiente. Embora a implicação disso seja incerta, acredita-se que seja o resultado da alta afinidade com a qual a sucralose se liga ao receptor do sabor doce. 

 

Um outro fator que pode influenciar a resposta do cérebro aos açúcares e aos adoçantes é a frequência de consumo de adoçantes.

 

 

Um estudo observou uma associação negativa entre o uso de adoçantes e a resposta da amígdala ao consumo de sacarose, indicando uma atividade fraca da amígdala entre consumidores de adoçantes frequentes em comparação com sua atividade em consumidores menos frequentes; também já foi relatado uma associação negativa entre usuários de adoçantes (na forma de refrigerantes diet) e a resposta do caudado à sacarina.

 

A amigdala e o caudado têm importante papel na modulação da motivação e recompensa à comida, e foi postulado que o consumo habitual de adoçante separa o sabor doce da ingestão de energia, podendo induzir compensação de energia incompleta e, assim, aumentar a ingestão de alimentos ativando as vias de recompensa alimentar.

 

Do exposto acima pode-se concluir que o cérebro é capaz de determinar a diferença entre açúcares produtores de energia e os adoçantes, mesmo que os humanos não sejam capazes de distinguir conscientemente entre os dois estímulos sensoriais. 

 

As pesquisas agora estão focadas em compreender como os sistemas neurais, como aqueles envolvidos na regulação do equilíbrio de energia e processos de recompensa, interagem para modular o comportamento alimentar.

 

Estudo De 2018

 

Um estudo de 2018 comparou os efeitos do aspartame, sacarina e sucralose administrados cronicamente sobre o desempenho da memória e a sobrevivência neuronal e sua relação potencial com o estresse oxidativo. Para isso, grupos de 6 ratos receberam água pura, ou acrescida de aspartame, sacarina ou sucralose por 6 semanas; após esse tempo, foi realizado teste de esquiva passiva para avaliar os efeitos dos adoçantes na aprendizagem e na memória. Após eutanásia dos animais, foram realizadas avaliações de peroxidação lipídica, histológica (integridade hipocampal e número de neurônios e células gliais) e bioquímica (glicemia) em tecidos cerebrais e amostras de plasma.

 

Os resultados mostraram que os grupos que receberam adoçantes tiveram uma tendência no aumento dos níveis de glicose sérica entretanto não houve diferença no peso dos animais entre os grupos; a retenção da memória estava prejudicada nos 3 grupos que receberam adoçantes; a peroxidação lipídica também estava aumentada nos 3 grupos tratados com adoçantes; houve também uma perda severa e seletiva de neurônios piramidais em regiões CA1-CA3 no tratamento com aspartame quando comparado com o controle.

 

Além disso, um aumento significativo no número de células gliais nas regiões CA-3 foram observadas nos grupos tratados com adoçante em comparação com o controle. Assim, os resultados sugerem que os danos à memória estão relacionados ao aumento do dano oxidativo, perda neuronal hipocampal e gliose, principalmente no grupo tratado com aspartame.

 

Curiosidades Sobre Os Adoçantes No Corpo

 

Um fato interessante tem relação com a presença de receptores para doce em outros locais além da boca, incluindo estômago, intestino delgado e grosso, pâncreas, tecido adiposo, coração, cérebro e rins. Todos eles funcionam de maneira similar aos encontrados na boca, mas, por ativarem diferentes sinais em diferentes tipos celulares, podem ocorer diferentes respostas fisiológicas. Como exemplo,  o consumo de sucralose aumenta significativamente a secreção de GLP-1 quando comparado ao consumo de água.

 

Além disso, estudos demonstram que os refrigerantes diet  são capazes de aumentar a secreção de GLP-1 em adultos sadios e portadores de diabetes tipo 1. Foi proposto que os adoçantes quebram a homeostase da glicose ao preprar o corpo para receber carboidrato, quando na verdade nenhum carboidrato está sendo ingerido.

 

Outra questão dos adoçantes refere-se ao impacto dessas substâncias na microbiota intestinal. Sabe-se que múltiplos fatores ambientais incluindo os adoçantes (além de antibióticos, metais pesados, etc) podem romper o equilíbrio ecológico intestinal e gerar disbiose . A microbiota intestinal desempenha um papel regulador fundamental no metabolismo do hospedeiro e tem papel crucial na digestão e homeostase energética do corpo humano.

 

Além disso, a colonização pela microbiota é necessária para o desenvolvimento do sistema imune, regulação nervosa entérica e prevenção de patologias . E a disbiose intesinal pode acaretar obesidade, diabetes tipo 2 e doença intestinal inflamatória.

 

A Influência Dos Adoçantes Artificiais Nos Últimos Anos

 

Nos últimos anos, a influência dos adoçantes artificiais na microbiota intestinal tem gerado preocupações, pois foi descoberto que muitos tipos de adoçantes artificiais podem perturbar a composição das bactérias intestinais e, então, afetar a saúde do hospedeiro. Por exemplo, a sacarina pode perturbar a microbiota intestinal normal e causar intolerância à glicose em ratos e humanos.

 

Outro estudo recente também mostrou que a sacarina além de modular a microbiota do camundongo, também induz inflamação do fígado nesses animais. Da mesma forma, o consumo de acessulfame-K (Ace-K) pode alterar o perfil de bactérias intestinais de camundongos que está associado ao aumento do ganho de peso corporal.

 

A Asociación Mexicana de Gastroenterología nomeou um grupo de trabalho para analisar e responder a algumas das perguntas e preocupações mais frequentes sobre o consumo de adoçantes em pacientes com distúrbios gastrointestinais, por meio de uma revisão completa da literatura médica. Um grupo de gastroenterologistas e especialistas em nutrição, toxicologia, microbiologia e endocrinologia revisou e analisou a literatura publicada sobre o assunto.

 

Como resultado, concluíram que as evidências atuais não confirmam o potencial carcinogênico dos adoçantes. No entanto, os estudos analisados ​​mostraram que a sacarina pode ter um efeito pró-inflamatório e que os polióis podem causar sintomas e manifestações gastrointestinais, dependendo da dose e do tipo de composto. A ingestão de xilitol, eritritol, sucralose, aspartame, acessulfame K e sacarina pode aumentar a secreção dos hormônios gastrointestinais que regulam a motilidade intestinal.

 

Deve-se ter cautela ao recomendar o consumo de aspartame em pacientes com doença hepática crônica, pois ele reduz a proporção de aminoácidos de cadeia ramificada em relação aos aminoácidos aromáticos. Além disso, a ingestão de adoçantes pode modificar a composição da microbiota intestinal, afetando os sintomas e manifestações gastrointestinais. 

 

Uma revisão sistemática de 453 artigos realizada em 2016, teve como objetivo gerar um guia sobre o uso de adoçantes artificiais e as consequências para a saúde. O resultado da revisão mostrou que :

 

  1. Existe uma forte relação entre o alto  consumo de bebidas adoçadas artificialmente e a prematuridade;
  2. O consumo de bebidas não-carbonatadas adoçadas artificialmente durante a gravidez está associada à maior propensão de terem filhos com sintomas de asma aos 18 meses, quando comparadas às mães que consumiram bebidas adoçadas com açúcar;
  3. O consumo de bebidas carbonatas adoçadas artificialmente durante a gravidez está associada à maior propensão de terem filhos com sintomas de asma aos 7 anos, quando comparadas às mães que consumiram bebidas adoçadas com açúcar.

 

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Conclusão:

 

Os adoçantes tornaram-se uma parte importante da vida cotidiana e são cada vez mais utilizados, principalmente por portadores de diabetes e por pessoas que objetivam a perda de peso. No entanto, as evidências sobre a seguraça dos adoçantes são inconclusivas e controversas, e até agora, os produtos de degradação desses adoçantes têm efeitos controversos na saúde e no metabolismo.

 

Há uma falta de estudos randomizados controlados adequadamente projetados para avaliar sua eficácia em diferentes populações, ao passo que os estudos observacionais freqüentemente permanecem confusos devido à causalidade reversa e freqüentemente produzem resultados opostos.

 

Mulheres grávidas e lactantes, crianças, diabéticos, pacientes com enxaqueca e epilepsia representam a população suscetível aos efeitos adversos dos adoçantes e devem usar esses produtos com o máximo cuidado. O uso geral dos adoçantes permanece controverso e os consumidores devem ser amplamente informados sobre os riscos potenciais de seu uso. 

 

Podemos concluir com os impressionates resultados de um estudo de meta-análise em que, para cada aumento de 250 ml/dia no consumo de açúcar ou adoçante, o risco de obesidade aumentava para 12% e 21% (respectivamente); diabetes tipo 2 aumentava para 19% e 15% (respectivamente); hipertensão aumentava para 10% e 8% (respectivamente); e aumento de mortalidade por todas as causas para 4% e 6% (respectivamente).

 

Ou seja, o o aumento no consumo de açúcar ou adoçante está igualmente associado ao alto risco de obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e mortalidade por todas as causas (all-cause mortality). 

 

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Sobre o autor | Website

Sou médico, empresário e apaixonado por saúde. Nasci em uma família de médicos e aprendi desde cedo a questionar o status quo. Me formei em 2011 pela Faculdade de Medicina da UERJ, tirei dois títulos em duas especialidades médicas diferentes em menos de 5 anos de formado e criei junto com meu irmão, Dr. Gabriel Azzini, o programa Homem Super Saudável. Hoje tenho um dos principais podcasts do Brasil, mais de 2.000 mil alunos e centenas de milhares de seguidores no Youtube, Instagram e Podcast. Minhas obsessões incluem células tronco, terapias de crescimento capilares, modulação hormonal, jejum intermitente e suplementação regenerativa.