A Farsa das Blue Zones | Minha Opinião

Blue Zones

As Blue Zones

Você já ouviu falar das Blue Zones? Elas são algumas regiões do mundo em que vivem uma maior concentração de pessoas centenárias, ou seja, que têm mais de 100 anos. Essas Blue Zones são um grande equívoco, na minha opinião. O explorador, editor, escritor e palestrante Dan Buettner escreveu alguns livros relacionando esses povos centenários, o seu estilo de vida e sua alimentação, com o fato de você ter maior probabilidade de ser longevo, de viver mais tempo.

O fato é que eu acredito que Dan Buettner, que escreveu o livro “Blue Zones”, se enganou em vários pontos que eu acho que, muitas vezes, atrapalhou mais do que ajudou, é por isso que vim dar minha opinião.

A pesquisa

Então, segundo esse pesquisador, existem cinco regiões do mundo que são as de maior concentração de povos longevos, são essas:

  • Grécia, que se chama Ikaria, ao sul da Grécia;
  • Sardinia, na Itália;
  • Okinawa, que são um grupo de ilhas ao sul do Japão;
  • Loma Linda, que é uma região ao sul da Califórnia;
  • Costa Rica, cidade de Nicoya.

Blue zones

Essas cinco regiões são as famosas Blue Zones, mas o fato é que, Dan Buettner, que é um explorador da Nacional Geographic, ele selecionou como se fosse escolhendo estudos que tivessem opiniões favoráveis ao que ele queria mostrar para comunidade científica. Para o mundo leigo é: povos que consumem carne, vivem mais.

Só que esse fato só se encontra verdadeiro quando você compara Loma Linda, cidade ao sul da Califórnia, que tem uma grande concentração de povos adventistas do sétimo dia, que defendem o consumo mais restrito de carne vermelha. Grande parte dessa população adventista na Loma Linda são ovolactovegetarianos, e uma minoria são realmente veganos.

O que eu penso

Existem muitas outras regiões com grandes proporções de povos centenários e não foram citadas pelo livro Blue Zones. Quais são elas?

  • Canadá;
  • Inglaterra;
  • País de Gales;
  • Islândia, no norte da Europa;
  • Hong Kong, no sul da China.

Livro Blue Zones

Essas regiões não se enquadram, segundo alguns outros críticos do livro como eu, na agenda do Dan Buettner de falar que comem pouca carne, porque em Hong Kong se come muita carne. Já em Okinawa não são povos essencialmente monges, são povos que consomem muitos peixes, consomem porco, sardinha, consomem muito carneiro. Ao sul da Grécia também consomem muito peixe, muito carneiro, muitos animais ruminantes. A única cidade que se enquadra na teoria de que comer carne encurta sua vida, é a cidade de Loma Linda, desses adventistas de sétimo dia.

Na própria Califórnia, onde tem a cidade de Loma Linda, também tem povos mórmons, esses são povos que têm aquelas barbas grandes, eles evitam a tecnologia. São povos que muitas vezes são muito religiosos, tem famílias grandes, se fecham em comunidades bem fechadas. Esses povos também vivem em média sete anos a mais que a população da Califórnia, assim como a população de Loma Linda.

Ou seja, Loma Linda vive sete anos a mais, evita carne, muitos ovolactovegetarianos, mas, os povos mórmons que comem carne naturalmente, comem porcos, não têm essa questão de vegetarianismo ou veganismo, também vivem sete anos a mais.

Pontos em comum

Então, existem alguns pontos em comum que você pode relacionar dessas Blue Zones, com as que Dan Buettner citou, com as Blue Zones que o Dan Buettner não citou no livro. Por exemplo, eles têm a família em primeiro lugar, a comunidade familiar é muito importante. Eles colocam uma parcela muito grande da sua energia e tempo na sua religião e comunidade, eles têm um senso de comunidade muito importante. Também se movimentam ao longo do dia, eles não comem até ficar entupidos de comida, eles comem numa média de 80 a 90% de saciedade, ou seja, não comem até ficar completamente saciados.

Algumas coisas que são fatores de confundimento, ou seja, essas pessoas vivem muito e essas pessoas fazem isso, isso é determinante? Não sei. A gente não sabe, por exemplo, se o vinho, que muitas dessas comunidades consomem é um fator determinante, ou é um fator de confundimento, ou seja, eles vivem muito apesar de tomar vinho todos os dias? Ou vivem muito porque tomam vinho todo dia?

Na minha opinião, eles vivem muito apesar do vinho, pois o vinho não é nem de longe um excelente alimento para nossa saúde, muito pelo contrário. A quantidade de resveratrol que tem no vinho passa longe da quantidade necessária para nosso coração, para nosso sistema cardiovascular.

Pode haver um interesse a mais?

Walter WillettO próprio Dan Buettner numa entrevista fala que o Walter Willett, que é um dos chefes da cadeira de Harvard School Public of Healtheles têm uma agenda muito forte no meio vegano –. Walter Willett, que é o mentor do Dan Buettner, fala que carne vermelha é semelhante a radiação e não sabemos o quanto dela é segura ou não. Ou seja, Walter Willett, o cara que é médico, que é conhecido no meio acadêmico por divulgar diversos estudos de cunho vegano e vegetariano, é mentor do Dan Buettner? Sabe que existe, então, interesses aí por trás, ou muitas vezes a pessoa está mais inclinada a divulgar uma certa teoria, uma certa agenda de alimentação. O que muitas vezes, na minha opinião, não se enquadra.

Evitar carne, realmente, não é o fator determinante, muito pelo contrário. O fator determinante é sim se exercitar ao longo do dia, comer menos, fazer atividades ao longo do dia no sol, consenso de comunidade, religião e também evitar alimentos processados.

Informações no livro

Agora, recomendação do livro do Blue Zones: pratos 95% de plantas, 5% de origem animal? Isso é um fator de confundimento. Eu acho que, por exemplo, a recomendação dele, 65% de carboidratos no seu prato, 20% de proteína, 15% de gordura, sendo que dessas gorduras ele recomenda óleo canola, óleo de amendoim, óleo pecã.

Você sabe de que é feito o óleo canola? Canadian Low Acid Oil, é uma erva daninha canadense, que tem um ácido erúcico, que é um veneno, muito baixo. Eles reduzem esse índice de ácido erúcido de 4% para 1% e fazem um óleo disso e chamam de óleo canola. Não é nem “de calona” porque canola não existe, é uma sigla. Recomendar isso como alimento saudável, segundo a dieta do Blue Zones, eu acho que é um tremendo erro.


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Sobre o autor | Website

Sou médico, empresário e apaixonado por saúde. Nasci em uma família de médicos e aprendi desde cedo a questionar o status quo. Me formei em 2011 pela Faculdade de Medicina da UERJ, tirei dois títulos em duas especialidades médicas diferentes em menos de 5 anos de formado e criei junto com meu irmão, Dr. Gabriel Azzini, o programa Homem Super Saudável. Hoje tenho um dos principais podcasts do Brasil, mais de 2.000 mil alunos e centenas de milhares de seguidores no Youtube, Instagram e Podcast. Minhas obsessões incluem células tronco, terapias de crescimento capilares, modulação hormonal, jejum intermitente e suplementação regenerativa.